Ouvir e compartilhar histórias com os pequenos, além de enriquecer o vocabulário infantil e intensificar a compreensão do que é narrado, é atividade importante para o despertar da curiosidade e o entendimento que a criança apreende do mundo próximo e distante.
Pais e avós, em especial, são as pessoas mais próximas da criança a quem cabe a responsabilidade primeira em relação ao livro de história e sua importância na vida e na educação. É no lar que deve surgir o interesse pelo desenrolar das histórias dos livros, algo muitas vezes abandonado pelos adultos em razão de outras prioridades domésticas ou de trabalho fora do lar.
É mais tarde, na escola, que acontece a formalização do que foi ou não desenvolvido no lar. Nos anos iniciais, a “Hora do conto” acontece periodicamente, durante sessões nas bibliotecas, realizadas pelos contadores de história. Ideal se houver integração entre as atividades de sala de aula e a “Hora do conto”, orientada pelo professor da classe. Sabemos que esta integração não se faz com a devida frequência e algumas vezes acontecem sem a orientação desejada.
Qual a importância da mediação?
Na maioria das escolas, a contação de história é considerada momento lúdico: um livro é apresentado ao grupo de crianças e a história é contada pela narradora com ou sem adereços, com voz e gestos que costumam encantar os pequenos ouvintes. É um excelente trabalho, porém a participação é quase prioritariamente de parte da contadora ou contador. Inexiste o acesso ao livro e às ilustrações e a participação da criança costuma ficar limitada ao ouvir.
É a mediação da leitura feita na sala de aula com a professora da classe lendo, comentando e ora levantando perguntas para opiniões e posicionamentos de parte das crianças, que irá oportunizar a interação não só com a história em si mesma, mas com toda a variedade de situações vividas , os lugares, as cenas e todos os obstáculos enfrentados pelos personagens.
As histórias lidas e comentadas com as crianças em interação com a professora cumprem o papel de experimentação de novos comportamentos, criação de valores e normas, além de refletir e encontrar respostas para os anseios, medos e curiosidades infantis. Procede em razão da necessidade de acompanhamento pelo professor da classe no dia a dia.
Sabemos que o que importa de resultado do ler é o interagir com os personagens, a viagem por diferentes lugares, distantes ou conhecidos, a emoção que fica depois da história apreciada ou não e por quais razões.
A leitura mediada oportuniza uma espécie de registro na alma infantil, muito diferente das questões de interpretação que envolvem as conhecidas fichas de leitura. Bem mais consistente e permanente, com certeza.
Exemplificando: a professora pode envolver a turma de forma mais emocionante, a partir de pausas na leitura e perguntas e respostas intermediadas
Livro: “A cadeira contadeira”:
A professora mostra o livro, a capa, apresenta o autor e o ilustrador
Apresenta, na última página, as fotos e as palavras dos autores
Começa a ler, abre o livro e mostra a ilustração nas páginas
Interrompe a leitura, pede opiniões, faz perguntas, ouve comentários
Exemplos de direcionamentos:
. Como foi que a cadeira da vovó Pequena acabou na casa das crianças?
. Por que os três irmãozinhos insistiram tanto para ficarem com a cadeira que era da vovó?
. Vocês acham que uma cadeira qualquer pode ser um objeto muito importante?
. Na casa de vocês, tem alguém que gosta de contar histórias?
. Quem aqui já contou história para o irmãozinho ou a irmãzinha menor? Foi interessante?
. Qual das crianças ficou com a cadeira da vovó Pequena no quarto?
. Vocês concordam que foi a melhor escolha? Quem acha que poderia ser diferente?
. No quarto da Cléo, a cadeira ficou confortável. O que significa ficar confortável?
Observações finais:
Esta oficina pode ter como clientela, professores, bibliotecários ou os próprios alunos das séries iniciais.
Havendo aquisição de um número de livros da escritora, poderá ser combinada alterações para menos no valor do cachê.